Marco parou em frente aos grandes portões da
aldeia dos Etaks, abriu bem os olhos e deixou que a pequena câmera no portão
esquerdo lesse seu globo ocular, o portão soltou um chiado e se abriu. Os
amigos de Marco estavam logo atrás dele e entraram logo depois que Marco
atravessou o portão. Eles passaram rapidamente pelo pátio onde algumas crianças
aprendiam a andar em suas pranchas voadoras, em dias normais Marco pararia ali e
se divertiria olhando as crianças, aquilo animava ele: ver que mais pessoas se interessassem
por algo que ele amava.
Marco foi até o escritório do Grande Chefe,
bateu na porta e esperou a confirmação de que poderia entrar.
-Tep, você vem comigo – Marco falou se
virando para trás. – Vocês fiquem aqui.
A porta se abriu e lá estava o Grande Chefe,
sentado em sua mesa olhando para eles. A pele em torno de seus olhos estava
escura, o que indicava que passara a noite acordado. Seus cabelos louros
estavam despenteados.
-Entrem meninos! – Ele falou com a voz
calma, ele conhecia bem aqueles garotos, eram praticamente seus filhos.
Eles entraram e fecharam a porta, logo após
se sentaram em frente ao Chefe.
-Dik,
temos um problema. – Marco falou um pouco amedrontado, ele temia a reação de
Dik.
-O que houve Marco? – O chefe perguntou se endireitando
na cadeira, a expressão do rosto ficando mais séria.
-Jack da aldeia Olcic empurrou Tep pelo
penhasco – Marco falou depressa. – Nós declaramos guerra a eles.
Dik passou a mão sobre a cabeça jogando seus
cabelos para trás, ele girou um pouco na cadeira, pensando.
-Não quero saber o porquê de ele fazer isso –
o Chefe falou por fim –, mas não temos armas o suficiente caso venha realmente
ocorrer uma guerra. Se vamos fazer isso precisamos fazer depressa. Vamos
pegá-los de surpresa.
-Você diz atacá-los em sua aldeia? – Tep falou
animado. – Um ataque surpresa?
-Sim pequeno Teper, e precisamos fazer isso
o mais rápido possível.
-Hoje á
noite. – Marco falou saindo de seu transe emocional.
Marco estava com tanto ódio de Jack, não
só dele, mas também estava com raiva de Ella por ela ter escolhido o irmão e
ter terminado com ele, é claro que eles tinham um romance secreto, mas se Ella
escolhesse ficar com Marco ela seria bem aceita na aldeia.
-Semana passada todas as armas que temos
foram limpas e colocadas no novo chalé – Marco disse terminando seu raciocínio.
– E em todo caso eles nunca esperarão um ataque tão cedo; teremos a vantagem da
antecipação. Eles não terão chance.
O Grande Chefe olhou para Marco sorrindo
enquanto balançava a cabeça positivamente, ele estava feliz por Marco ter tido
uma ótima ideia.
Eram quase duas da manhã. Os etakês estavam
agachados próximo a entrada da aldeia Olcic esperando que o Grande Chefe desse
a ordem de entrada. Era mais ou menos duzentos homens e mulheres, o máximo de
voluntários que haviam conseguido arrumar.
A aldeia Olcic era diferente da aldeia
etakê, eles não tinham grandes portões com leitores oculares; qualquer um
poderia entrar a hora que quiser. Marco riu do fato deles serem tão
descuidados.
Os olcics tinham hábitos noturnos, era a
grande marca deles, estar acordados no meio da madrugada pra festejar. Então
era obvio que estivessem nas ruas da aldeia cantando alguma musica folclórica deles.
O Grande Chefe se levantou e gritou:
-Atacar!
Todos os outros se levantaram e gritaram em uníssono
um longo “Ah” enquanto corria para
dentro da aldeia do inimigo. Os olcics ficaram claramente surpresos. Algumas
pessoas correram a procura de refúgio enquanto outras buscavam por algo,
qualquer coisa, para se defenderem.
Os etakês não tiveram piedade, matavam á
todos que apreciam em seu caminho, o sangue escorria dos corpos no chão.
Marco descontava seu ódio nos rivais que ia
matando, mas não era o suficiente, ele queria Jack. Mais a frente um grupo de
olcics armados vieram na direção deles, e lá estava na frente de todos os
outros: Jack.
Marco não pode conter seu ódio, ele correu
na direção do inimigo, seu sangue pussava com a raiva que sentia.
-Marco! – O Grande Chefe gritou, ele não
podia ir sozinho contra os olcics, os outros etakês estavam todos longe dele. –
Volte! Agora.
Mas Marco não ouviu, seu ódio era maior que
sua capacidade de entender, naquele momento, que aquilo não iria dar certo. Ele
continuou correndo em direção a Jack cada vez mais rápido, o ódio lhe impulsionando
a ir mais depressa.
Quando chegou perto de Jack, Marco parou,
ele olhou para o inimigo esperando que ele viesse e lutasse contra ele, mas foi
então que Marco percebeu que isso não aconteceria, Jack não iria parar durante
a batalha só para lutar com ele, os outros olcics não permitiriam isso.
Foi então que três lanças atravessaram seu
corpo, as armas olcics eram fortes demais e atravessaram facilmente o metal da
armadura etakê.
Marco havia deixado seu ódio lhe segar.
O ódio
e mais ninguém havia permitido que ele fizesse a escolha errada.
Marco caiu no chão e fechou os olhos.
O jogo havia acabado pra ele.
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