Etaks vs. Olcic (Parte 2 - Final)

   Marco parou em frente aos grandes portões da aldeia dos Etaks, abriu bem os olhos e deixou que a pequena câmera no portão esquerdo lesse seu globo ocular, o portão soltou um chiado e se abriu. Os amigos de Marco estavam logo atrás dele e entraram logo depois que Marco atravessou o portão. Eles passaram rapidamente pelo pátio onde algumas crianças aprendiam a andar em suas pranchas voadoras, em dias normais Marco pararia ali e se divertiria olhando as crianças, aquilo animava ele: ver que mais pessoas se interessassem por algo que ele amava.
   Marco foi até o escritório do Grande Chefe, bateu na porta e esperou a confirmação de que poderia entrar.
   -Tep, você vem comigo – Marco falou se virando para trás. – Vocês fiquem aqui.
   A porta se abriu e lá estava o Grande Chefe, sentado em sua mesa olhando para eles. A pele em torno de seus olhos estava escura, o que indicava que passara a noite acordado. Seus cabelos louros estavam despenteados.
   -Entrem meninos! – Ele falou com a voz calma, ele conhecia bem aqueles garotos, eram praticamente seus filhos.
   Eles entraram e fecharam a porta, logo após se sentaram em frente ao Chefe.
   -Dik, temos um problema. – Marco falou um pouco amedrontado, ele temia a reação de Dik.
   -O que houve Marco? – O chefe perguntou se endireitando na cadeira, a expressão do rosto ficando mais séria.
   -Jack da aldeia Olcic empurrou Tep pelo penhasco – Marco falou depressa. – Nós declaramos guerra a eles.
   Dik passou a mão sobre a cabeça jogando seus cabelos para trás, ele girou um pouco na cadeira, pensando.
   -Não quero saber o porquê de ele fazer isso – o Chefe falou por fim –, mas não temos armas o suficiente caso venha realmente ocorrer uma guerra. Se vamos fazer isso precisamos fazer depressa. Vamos pegá-los de surpresa.
   -Você diz atacá-los em sua aldeia? – Tep falou animado. – Um ataque surpresa?
   -Sim pequeno Teper, e precisamos fazer isso o mais rápido possível.
  -Hoje á noite. – Marco falou saindo de seu transe emocional.
   Marco estava com tanto ódio de Jack, não só dele, mas também estava com raiva de Ella por ela ter escolhido o irmão e ter terminado com ele, é claro que eles tinham um romance secreto, mas se Ella escolhesse ficar com Marco ela seria bem aceita na aldeia.  
   -Semana passada todas as armas que temos foram limpas e colocadas no novo chalé – Marco disse terminando seu raciocínio. – E em todo caso eles nunca esperarão um ataque tão cedo; teremos a vantagem da antecipação. Eles não terão chance.
   O Grande Chefe olhou para Marco sorrindo enquanto balançava a cabeça positivamente, ele estava feliz por Marco ter tido uma ótima ideia.

  Eram quase duas da manhã. Os etakês estavam agachados próximo a entrada da aldeia Olcic esperando que o Grande Chefe desse a ordem de entrada. Era mais ou menos duzentos homens e mulheres, o máximo de voluntários que haviam conseguido arrumar.
   A aldeia Olcic era diferente da aldeia etakê, eles não tinham grandes portões com leitores oculares; qualquer um poderia entrar a hora que quiser. Marco riu do fato deles serem tão descuidados.
   Os olcics tinham hábitos noturnos, era a grande marca deles, estar acordados no meio da madrugada pra festejar. Então era obvio que estivessem nas ruas da aldeia cantando alguma musica folclórica deles.
   O Grande Chefe se levantou e gritou:
   -Atacar!
   Todos os outros se levantaram e gritaram em uníssono um longo “Ah” enquanto corria para dentro da aldeia do inimigo. Os olcics ficaram claramente surpresos. Algumas pessoas correram a procura de refúgio enquanto outras buscavam por algo, qualquer coisa, para se defenderem.
   Os etakês não tiveram piedade, matavam á todos que apreciam em seu caminho, o sangue escorria dos corpos no chão.
   Marco descontava seu ódio nos rivais que ia matando, mas não era o suficiente, ele queria Jack. Mais a frente um grupo de olcics armados vieram na direção deles, e lá estava na frente de todos os outros: Jack.
   Marco não pode conter seu ódio, ele correu na direção do inimigo, seu sangue pussava com a raiva que sentia.
   -Marco! – O Grande Chefe gritou, ele não podia ir sozinho contra os olcics, os outros etakês estavam todos longe dele. – Volte! Agora.
   Mas Marco não ouviu, seu ódio era maior que sua capacidade de entender, naquele momento, que aquilo não iria dar certo. Ele continuou correndo em direção a Jack cada vez mais rápido, o ódio lhe impulsionando a ir mais depressa.
   Quando chegou perto de Jack, Marco parou, ele olhou para o inimigo esperando que ele viesse e lutasse contra ele, mas foi então que Marco percebeu que isso não aconteceria, Jack não iria parar durante a batalha só para lutar com ele, os outros olcics não permitiriam isso.
    Foi então que três lanças atravessaram seu corpo, as armas olcics eram fortes demais e atravessaram facilmente o metal da armadura etakê.
   Marco havia deixado seu ódio lhe segar.
   O ódio e mais ninguém havia permitido que ele fizesse a escolha errada.
   Marco caiu no chão e fechou os olhos.

   O jogo havia acabado pra ele.  

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