Philip mexia em sua bolsa, a segunda aula estava indo
começar, e como era seu primeiro dia de aula naquela escola ele decidiu não
perder nada. Ele se virou para frente quando seus olhos a encontraram, uma
garota que Philip nem mesmo sabia o nome; a garota tinha a pele clara, seu
cabelo era castanho – escuro, ela era alta e tinha os olhos cinzentos.
-Helena Sever –
disse um garoto que estava sentado ao lado dele.
-O que? – Philip
perguntou quando percebeu que já estava parecendo um bobo olhando pra garota.
-O nome da garota...
Helena Sever – o garoto respondeu rindo – eu sou Oscar Lexis – ele disse
estendendo a mão para Philip.
-Ah... eu sou Philip
Béquer – ele apertou a mão de Oscar.
-Se eu fosse você
não me metia com Helena Sever – Oscar disse puxando uma cadeira e se sentando
ao lado de Philip –, ela tem fama de não ser uma boa garota.
-Eu não quero me
meter com ninguém, eu só... Achei ela bonita.
Oscar deu de ombros e se sentou novamente em
sua carteira. O professor chegou à sala e começou sua aula; contrariando a si
mesmo Philip não prestou atenção na aula, ele se perdeu em seus pensamentos, a
garota - Helena Sever - não poderia ser tão ruim assim como Oscar dissera,
talvez só fizessem um mau juízo dela...
Estava na hora do
intervalo, Philip seguiu os outros alunos de sua sala e chegou no refeitório,
dezenas de alunos estava sentados em mesas redondas que deveriam caber seis ou
sete pessoas cada uma. Philip pegou uma bandeja azul-escuro que estava perto do
balcão onde serviam os lanches; ele pegou uma salada de frutas e um suco de
laranja – ele não sentia muita fome a tarde –, e procurou um lugar para se
sentar, mas todas as mesas estavam cheias, ele olhou de um lado para o outro
até que seus olhos encontraram um lugar. Em uma mesa quatro garotos – bem
vestidos – conversavam e riam como se não estivessem em uma escola, do lado
deles uma garota mexia no telefone –era a garota, Helena - e nem mesmo parecia
escutar a bagunça que estava em sua volta, de repente ela olhou para o lado e
disse alguma coisa para os garotos, e eles se levantaram e saíram da mesa,
Philip se aproximou da mesa e disse:
-Posso me sentar
aqui? É que todas as mesas estão...
-Fique a vontade –
ela disse o interrompendo, mas sem tirar os olhos de cima do celular.
Philip comia seu
lanche sem nem mesmo estar com fome, às vezes ele levantava os olhos apenas
para olhar a garota – a beleza dela parecia um ima que puxava seus olhos para a
pele clara e seus cabelos sedosos.
-Você é novo aqui, não
é? – ela perguntou guardando o telefone no bolso de trás da calça.
-Sim, eu cheguei na cidade faz dois dias, mas
só hoje decidi vir a aula – Philip respondeu.
-Legal! Eu e alguns
amigos vamos da uma volta depois da aula, como você é novo na cidade pensei que
talvez fosse querer ir com agente – ela disse em um tom meio manipulador.
-Quero sim – ele
disse com um sorriso escancarado na cara.
Depois da aula
Philip saiu da escola procurando pela garota; depois de rodar pelo
estacionamento já “deserto” ele a avistou, ela estava escorada em um uma picape
4x4 mexendo no telefone.
-Helena! – Philip
gritou correndo em direção a garota, ela levantou o rosto olhando pra ele e deu
um sorrisinho sem graça.
-Oi! – ela disse
quando ele já estava parado em sua frente – eu esqueci de perguntar o seu
nome... – ela disse levantando uma das sobrancelhas.
-É Philip – ele
respondeu.
Helena subiu na
parte de trás do carro e Philip a acompanhou, ele nem havia percebido que tinha
alguém dentro da picape. Então o carro saiu andando, Philip estava ao lado de
Helena, os dois estavam a sós na carroceria do carro, e Philip estava gostando
disso. Uns cinco minutos depois o carro parou em uma estrada de terra, Helena
desceu do carro e Philip foi atrás dela; um pouco mais a frente um grupo de
pessoas escutavam musica e bebiam, os garotos que estavam dentro do carro –
eram os quatro que estavam com Helena na mesa um pouco mais cedo – foram na
frente, e Philip os seguiu junto com Helena. Todos bebiam e dançavam e Philip
também fazia o mesmo, era bom se divertir em meio aquela mudança – seu pai
havia sido transferido para lá, e eles tiveram que se mudar “com urgência” dizia seu pai.
Já eram sete e meia
da noite quando Philip foi embora pra casa, seus pais estavam dormindo no sofá
e nem viram que o filho havia chegado tarde. No dia seguinte quando chegou à
escola Helena o abordou assim que entrou na sala, ela o chamou para sair
novamente como no dia anterior, Philip apenas riu e disse que sim com a cabeça,
ele se sentia bem em estar encontrando amigos, e talvez um dia ele e Helena
fossem bem mais que amigos. Quando Philip saiu da escola se encontrou com
Helena no mesmo local do dia anterior, eles subiram na carroceria do carro e
foram para o mesmo lugar, para a mesma festa. Philip pensava que tudo seria
como no dia anterior, mas assim que os quatro garotos seguiram na frente Helena
puxou Philip para o meio da mata; eles chegaram a beira de um penhasco, Philip
olhou paro ver onde ele daria, lá embaixo havia o mar, e pedras que caso alguém
caísse morreria ou ficaria bastante ferido. Helena puxou Philip fazendo com que
ele ficasse em sua frente, e então ela o beijou, os lábios dos dois se uniram
em um fogo intensivo, Philip sentia como se um fogo o consumisse, um fogo
prazeroso e... até que ela o soltou.
-Você sabe o que
dizem de mim, não sabe – ela perguntou.
-Não importa, eu não
acredito – ele respondeu puxando - a para perto novamente.
Helena começou a
tirar as roupas de Philip, em menos de dois minutos ele já estava nu, então ela
agarrou as roupas dele e assobiou, pessoas atravessaram a mata e riram quando
viram Philip completamente pelado.
-Você devia
acreditar no que dizem, Philip – ela disse fazendo uma voz de criança.
As pessoas
seguravam celulares em suas mãos e filmavam tudo o que estava acontecendo,
Philip deixou uma lágrima escorrer em seu rosto e, então, disse:
-Eu te amaldiçoou
Helena Sever, você nunca terá um filho homem, todos os seus descendentes serão
mulheres, e assim como acontecera com você, os maridos delas nunca sobreviverão
para ver suas filhas completarem seus primeiros anos de vida.
-Eu não acredito
nesse tipo de coisa... – ela disse rindo com os outros.
-Pois deveria. E
mais uma coisa – ele gritou dessa vez – o meu espírito irá vagar pela terra,
atrás de você e de suas descendentes, atrás de cada criança Sever que nascer,
para lembrar a maldição que corre nessa família.
Todos riam, para
eles aquilo não passava de uma brincadeira, mas não era, Philip havia aprendido
bruxaria com sua vó e nunca penso que fosse usar essa magia, mas esse dia
chegou. Ele caminhou ainda nu até o penhasco, se virou e olhou para todos
aqueles que riam dele, e então entregou seu corpo aos céus, ele caiu pelo
penhasco e todos correrem para ver o que havia acontecido, o corpo estava
jogado encima das pedras, Philip havia morrido e nesse momento Helena sentiu um
calafrio percorrer seu corpo, por mais que não acreditasse naquilo que Philip
havia dito sentia que algo havia acontecido nela, algo inexplicável.
A maldição da família Sever percorreu
durante anos, Helena teve cinco filhas, com cinco maridos diferentes, e nenhum
sobreviveu até o primeiro ano de vida da filha, dizem que até hoje – com 90
anos de idade – Helena pode sentir a presença do espírito de Philip, a assombrando
e matando os homens da família.
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