Caulim atravessava a faixa de pedestre com rapidez, ela estava se sentindo irritada por ninguém do seu trabalho ter se lembrado que era seu aniversário; tudo bem que ficar com raiva por esse motivo era coisa de criança, mas a anos – mesmo ela falando disso todos os dias – as pessoas sempre se esqueciam que naquele dia, o décimo de setembro, era seu aniversário. Ela também se sentia um pouco mal por estar completando 23 anos, já estava começando a ficar velha de mais (em seu raciocínio). Mas ela era linda, muitas pessoas quando acabavam de conhecê-la, julgara que ela tinha apenas dezoito ou dezenove, isso porque desde que criança sua mãe sempre dizia que ela deveria cuidar de sua pele.
Ela chegou ao saguão do prédio onde
morava e retirou as chaves do bolso pra ver se havia alguma correspondência,
ela foi até uma das caixinhas que ficava na parede perto de onde o porteiro do
prédio ficava e abriu; dentro havia alguns envelopes e um pacote quadrado, do
tamanho de um porta-jóias; ela retirou tudo que havia dentro da caixinha, e a
fechou novamente, logo depois entrou no elevador; quando a porta do elevador se
fechou Caulim rasgou o pacote e abriu a pequena caixinha azul-escuro que havia
dentro. O que se escondia dentro da caixinha azul era lindo, um colar de
corrente prateada e um pingente vermelho cor de sangue pendurado nele. Ela não
aguentou esperar e colocou o colar ali mesmo, se olhou na porta do elevador (o
metal que fora usado para construir o objeto era polido e refletia como um
espelho), e se achara maravilhosa com aquele acessório.
De repente a porta do elevador se
abriu, era seu andar, ela saiu e tomou um susto ao ver que havia um pequeno
entulho com pedaços de tijolos na porta de seu apartamento. No apartamento ao
lado do seu estavam acabando uma obra e tinham jogado todo o resto de material
em sua porta. Ela abriu a porta de seu apartamento, e falou com um homem que
sai do apartamento em obra:
-Hei! Esse apartamento aqui é meu,
quem vocês pensam que são pra colocar essa sujeira aqui? – ela disse em um tom
sério, e logo se arrependeu do que disse.
-Me desculpe... É eu já vou tirar... – o
homem disse pegando uma vassoura e varrendo o lixo que estava na porta dela.
Ele era alto e gordo, parcialmente careca, com cabelos apenas dos lados da
cabeça.
-Quem
você pensa que é pra falar assim com ele? – disse um garoto de mais ou menos
dezoito anos saindo da casa e indo em direção a Caulim.
Ela não disse nada, apenas olhou com a
cara fechada pra ele. De repente rápido com um raio o garoto agarrou o pescoço
de Caulim, não permitindo que ela dissesse nada, ele andou com ela pra dentro
do apartamento, apertando sua garganta cada vez mais forte, e então com a ajuda
da outra mão, quebrou seu pescoço, e deixou seu corpo jogado no chão do local.
Logo após ele saiu do apartamento, olhou pro homem e disse:
-Vamos
embora pai! – E logo após olhando em seus olhos completou: – acho melhor você
se esquecer disso.
Meia hora depois eles
chegaram em casa, o garoto estava irritado com o que fizera, perdera o controle
e ficou em risco de ser visto por alguém do prédio, e se alguém tivesse visto
aquilo, ele teria que partir novamente, e não estava pronto para fazer isso de
novo. Ele foi para seu quarto, batendo a porta atrás de si, remexeu na primeira
gaveta da cômoda que ficava no canto do quarto e retirou um calendário de lá.
Por todo o papel havia riscos em “X” e alguns circulados. Ele se sentiu triste
e com raiva porque aquele dia estava marcado com um circulo, e ele sempre
odiava aqueles dias.
Saiu do quarto e foi em direção a
saída da casa.
-Kyle?
Vai sair? – sua mãe perguntou.
-Não
demoro mãe! – ele respondeu de forma fria.
Ele foi correndo até a floresta, mais
devagar a cada minuto, para que a sede não se instalasse ainda mais dentro de
si. Quando chegou lá, ele parou por um momento, esperando por sua preza; de
repente viu um cervo se aproximando, parou, observou-o e correu o mais depressa
que pode em sua direção, e quando conseguiu pegar o animal, quebrou seu
pescoço. Kyle deixou que o animal caísse no chão e se agachou perto do corpo
perfurando a carne do pescoço com o dedo. Lambeu a ponta do dedo que estava
suja de sangue e deixou o animal lá, provar mais do que aquilo de sangue
quebraria o feitiço que fora jogado nele. E ele precisava que aquele feitiço
permanece ali, então sempre se continha naqueles dias horríveis de matança.
No dia seguinte acordou
mais cedo, queria revisar algumas matérias da prova antes de ir pra escola. Ele
era um dos melhores alunos da sala, mas isso não era difícil depois de estudar
a mesma coisa por vários anos seguidos. Quando chegou na escola Kyle foi
abordado pelo professor de História – sua matéria favorita – o Sr.Hompkins, ele
queria que Richard fosse ajuda-lo com algumas coisas na biblioteca, e disse que
ele não iria sozinho, Richard logo aceitou, ele amava ficar na biblioteca, pra
ele era o melhor lugar para se estar naquela velha escola.
No final da última aula, Kyle logo se
encaminhou para a biblioteca, ele não queria deixar o Sr.Hompkins esperando.
Ele abriu a porta e chamou pelo professor:
-
Sr.Hompkins! Estou aqui.
-Por
favor, Kyle, me chame de Richard – o professor disse saindo detrás de uma
prateleira cheia de livros, e assustando Kyle – você não sabe como eu odeio
esse sobrenome.
Kyle
riu com a afirmação do professor, não porque achou engraçado, mas sim por
educação.
-Tudo bem, Richard – ele
disse dando ênfase no “Richard” – o que tenho que fazer?
-Já, já te digo, vamos
esperar minha segunda ajudante chegar – Richard disse olhando pra porta; um
minuto depois a porta se abriu.
Uma garota passou por ela, cabelos
castanho-escuro e cacheado, pele negra, olhos escuros. Ela era tão linda que
Kyle ficou encantado ao vê-la.
-Que bom que você chegou, Elizabeth –
Richard disse – agora podemos começar. Por favor, sente-se aqui ao lado de
Kyle.
Elizabeth andou até a cadeira ao lado
de Kyle e se sentou, ela colocou a bolsa encima da mesa redonda que estava na
mesa deles e olhou pra ele dando um sorriso sem graça.
Kyle sempre pensara que
passava despercebido na escola, mas o que ele não imagina é que aquela garota
ao seu lado sempre o observava, desde a primeira vez que o vira ela havia se
encantado, sempre achara tudo nele lindo: a pele clara, os cabelos loiros bem
cortados e penteados de lado, e até mesmo o fato de ser alto. Ela sempre ouvia
os professores falando sobre suas ótimas notas, e aquilo só acabara a deixando
ainda mais encantada.
-Eu quero que vocês me ajudem a
desembalar esses novos livros que chegaram hoje – Richard disse trazendo
algumas caixas e colocando encima da mesa – eu quero que vocês retirem das
caixas e arrumem em ordem alfabética encima daquela mesa – ele apontou pra mesa
que ficava ao lado.
-Só isso? – Elizabeth perguntou.
-Sim, enquanto isso vou estar na sala
dos professores corrigindo algumas provas – Richard disse indo em direção a
porta – até mais tarde!
Kyle puxou uma das caixas pra perto de
si e abriu facilmente, mesmo estando lacradas. Elizabeth puxou outra caixa pra
perto, mas quando tentou abrir a força não conseguiu. Ela levantou o rosto e
viu que havia um estilete ao lado de Kyle, ela esticou o braço por cima do dele
e sua pele tocou ao dele, ele estava frio, mas ela não se sentiu ruim por isso.
Quando ela puxou o estilete ele estava com a lamina esticada e acabou passando
por cima do braço de Kyle e o cortando, de repente começou a sangrar.
-Me desculpe... Foi
sem querer – mas ela parou de falar quando viu que o corte se curara na mesma
hora.
-Não tem problema - Kyle
disse puxando o braço pra perto do corpo, tentando esconde-lo, mas já era tarde
demais.
-Como isso acontece?
- ela perguntou - o machucado se curou na mesma hora.
-Não... Não houve nada.
-Sim, houve - Ela
esticou o braço e o cortou novamente, ele deu um grito de dor e escondeu o
corte.
Elizabeth agarrou o
braço dele e puxou pra perto de si, vendo que a ferida se curava novamente,
ficou assustada, quase não conseguia se mexer por causa do espanto.
-O que é você? - ela
perguntou.
-Nada é que... - Ele não
sabia o que dizer.
Ela sabia o que
podia imaginar, histórias sobre pessoas que se curavam facilmente, pessoas
imortais. Vampiros.
-Então se eu me cortar
aqui agora você não vai sentir vontade de matar? - ela colocou a lamina no
estilete sobre eu puço, determinada a fazer o que dizia.
-Não, por favor, eu conto
tudo a você - ele disse assustado com medo de que não pudesse se conter caso
vesse sangue, ali tão perto e tão vivo.
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